(In)Segurança na América Latina: um problema complexo?

10 de Março 2022

A violência presente na região é um dos principais problemas para as sociedades e estados latino-americanos. Embora os atores sejam muito diversos e de natureza muito diferente, existem três tipologias que ameaçam não só a insegurança da América Latina, mas também a sua estabilidade política, social e económica: grupos de crime organizado, gangues ou maras, e grupos de guerrilha, que, entre outros fatores, têm a mais alta taxa de homicídios regionais do mundo.​

A elevada taxa de homicídios, a forte penetração do crime organizado na região e a fragilidade do Estado são sinais da significativa instabilidade que a América Latina sofre em termos de segurança. Isto, por sua vez, gera um sentimento de insegurança e desconfiança nos atores estatais e facilita a capilarização das organizações criminosas na sociedade. Uma visão sistemática das variáveis económicas, políticas, sociais, culturais e, claro, criminológicas permite-nos avaliar a não linearidade da região, cujas variáveis estão interligadas e cujas causas e efeitos estão obscurecidos.

Os países latino-americanos considerados não democráticos, como a Venezuela e a Nicarágua, têm pontuações de corrupção mais elevadas do que os democráticos, embora estes últimos tenham estagnado nos últimos anos ou tenham mesmo piorado nas pontuações incluídas neste índice. Neste sentido, no último Índice de Democracia, publicado pela The Economist, a América Latina registou a maior queda nos últimos meses.​

A resolução de um problema complexo requer necessariamente uma análise profunda, lenta e reflexiva do que está a acontecer, detectando alertas precoces e sinais fracos que não foram considerados até à data, bem como uma procura ativa de soluções que nunca foram fornecidas até agora, que geram impactos numa vasta gama de áreas a fim de atingir os níveis de paz e segurança de que a região necessita.​

Por este motivo, este é o primeiro de uma série de documentos especializados que nos permitirá analisar a situação de segurança na América Latina a partir de perspectivas diversas, amplas e reflexivas.​

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